terça-feira, 22 de março de 2011

O valor de ser magro

NEUROLOGIA Condições comumente relacionadas à obesidade, como o diabetes tipo 2 e a hiperinsulinemia, condicionam risco elevado para algumas doenças do sistema nervoso. A obesidade também é fator de risco para acidente vascular cerebral (especialmente em homens), esclerose múltipla (especialmente em mulheres) e enxaqueca. Na meia-idade, pode contribuir para declínio cognitivo, demência vascular e doença de Alzheimer. Fonte: Paulo Caramelli, neurologista, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) CARDIOLOGIA A obesidade aumenta a chance de ocorrência dos fatores de risco para doenças cardiovasculares: diabetes, hipertensão, dislipidemia e síndrome metabólica, responsáveis por reações inflamatórias relacionadas ao aumento da possibilidade de aparecimento das principais doenças cardíacas, infarto e derrame. Um estudo recente somou a obesidade, o sedentarismo, o estresse psicossocial e a alimentação desbalanceada aos quatro fatores de risco clássicos para o infarto – hipertensão, diabetes, colesterol e tabagismo. Fonte: Marcus Bolívar, cardiologista, presidente do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia e diretor do Instituto de Hipertensão de Minas Gerais ENDOCRINOLOGIA O diabetes tipo 2, que representa 90% dos casos da doença, tem sua origem relacionada a fatores genéticos, mas também a fatores ambientais, como ganho de peso, envelhecimento e distúrbios na vida intrauterina, que levam à resistência à insulina. A obesidade também está relacionada às dislipidemias (alteração do colesterol e triglicérides no sangue). Nos homens, há ainda um aumento da produção de hormônios femininos. Fonte: Saulo Cavalcanti, endocrinologista, presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes UROLOGIA Homens obesos podem apresentar câncer de próstata mais agressivo, com controle terapêutico difícil e evolução desfavorável. O excesso de peso pode levar à redução numérica e/ou alteração funcional dos espermatozoides, com dificuldade para fecundação ou infertilidade, além de estar diretamente relacionado ao desenvolvimento de disfunção erétil, aumentando seu risco em, no mínimo, 2,5 vezes. Como a chance de diabetes é maior nos obesos e a disfunção da ereção é maior nos diabéticos, esses fatores somados podem piorar ainda mais a potência sexual dos homens. A obesidade também agrava ou contribui para o desenvolvimento da incontinência urinária na mulher. Fonte: Marco Túlio Lasmar, urologista do Hospital Felício Rocho ANGIOLOGIA Submetidas a maior pressão por causa do peso, as veias dos obesos têm tendência a se dilatar, causando varizes que, se não tratadas, podem evoluir para trombose. Edemas (pernas inchadas) também são mais comuns, deixando a pele mais seca e causando coceiras que podem abrir feridas, a chamada úlcera varicosa. Por causa do excesso de peso e da dilatação dos vasos, pode haver ainda um extravasamento de sangue para fora da veia, levando à dermatite de estase, quando o ferro liberado deixa a perna marrom. O obeso tem ainda mais tendência ao edema linfático e erisipela, doença infecciosa causada por bactérias, que se inicia como frieira entre os dedos do pé, área de difícil acesso para o obeso. Fonte: Bruno Naves, angiologista e cirurgião vascular, presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular – Regional Minas Gerais GINECOLOGIA, OBSTETRÍCIA E REPRODUÇÃO ASSISTIDA Associada a distúrbios da menstruação e ovulação, hirsutismo (excesso de pelos nas mulheres), ovários policísticos, infertilidade, abortos e complicações obstétricas, a obesidade pode aumentar em até 18% o risco de morte materna e responde por 80% dos acidentes com morte por complicações anestésicas.Entre os problemas obstétricos mais importantes estão hipertensão, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia, embolia, macrossomia fetal, infecção urinária, prematuridade, óbito fetal inexplicado e complicações cirúrgicas como hemorragias e infecções. Problemas para engravidar são três vezes mais frequentes entre obesas, que em ciclos de fertilização in vitro (FIV) precisam de doses mais elevadas de indutores da ovulação, maior duração da estimulação ovariana e apresentam menor resposta do ovário à medicação. A qualidade do óvulo também parece ser afetada pela obesidade. Fonte: Marco Melo, ginecologista, diretor científico da Clínica Vilara ONCOLOGIA A obesidade está relacionada a vários tipos de câncer, como o de intestino grosso, mama, endométrio, rim e esôfago. Alguns estudos têm registrado ainda a associação com o câncer de vesícula biliar, de ovário e de pâncreas. Depois da menopausa, as mulheres obesas têm um risco 1,5 vez maior de desenvolver câncer de mama, além de chance aumentada de morrer em consequência desse câncer. O aumento do risco de câncer de intestino grosso em pessoas obesas também tem sido verificado em homens. A obesidade tem ainda relação com um subtipo específico de câncer de esôfago, o adenocarcinoma. Fonte: Amândio Fernandes, oncologista clínico da Oncomed, integrante da diretoria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica GASTROENTEROLOGIA E HEPATOLOGIA A obesidade está fortemente relacionada a complicações no aparelho digestório, como doença do refluxo gastroesofágico, alguns tipos de câncer do aparelho digestório, e litíase biliar (pedra na vesícula) complicada. A mais importante complicação, entretanto, é a doença gordurosa não alcoólica do fígado (esteatose e esteato-hepatite), frequente em indivíduos obesos, diabéticos ou com alterações nos níveis de colesterol e triglicérides no sangue. A esteato-hepatite progride para cirrose hepática em 20% dos casos, podendo também levar ao câncer primitivo do fígado. Fonte: João Galizzi Filho, gastroenterologista, hepatologista, professor da UFMG NEFROLOGIA Pacientes obesos chegam a apresentar risco sete vezes maior de desenvolver a doença renal crônica, que, em estágios avançados, pode levar o paciente à hemodiálise ou ao transplante. Estima-se que 60% dos pacientes que recebem transplante renal são obesos ou estão com sobrepeso. O excesso de gordura corporal induz à lesão renal por se associar com hipertensão e diabetes, ambos perigosos ao rim, e também por provocar sobrecarga na capacidade de filtração do rim, cujo efeito final pode ser a perda progressiva de função, a nefropatia da obesidade. Outra importante consequência é o risco aumentado de cálculo renal. Fonte: Fernando Lucas, nefrologista, vice-presidente da Sociedade Mineira de Nefrologia, chefe do serviço de Transplante Renal do Hospital da Clínicas da UFMG PNEUMOLOGIA Devido à restrição no movimento da caixa torácica, mais intensa quanto maior o índice de massa corporal (IMC), a obesidade leva à doença restritiva pulmonar, impedindo a adequada ventilação pulmonar e gerando um comprometimento das trocas de gases no pulmão. Por gerar ou agravar a doença do refluxo gastroesofágico, a aspiração de líquidos digestivos para as vias respiratórias pode causar tosse incontrolável e até mesmo lesar definitivamente as estruturas pulmonares, levando à fibrose no pulmão.Como a capacidade pulmonar fica comprometida, se o obeso tiver qualquer transtorno respiratório o quadro será agravado. A obesidade é ainda a principal causa da síndrome da apneia do sono e pode desencadear outra doença respiratória do sono, a hipoventilação alveolar. Elas podem comprometer a imunidade natural, deixando o organismo mais propenso a infecções. Fonte: Valéria Maria Augusto, pneumologista, presidente da Sociedade Mineira de Pneumologia e Cirurgia Torácica ORTOPEDIA A sobrecarga provocada pela obesidade pode afetar a coluna e as articulações dos membros inferiores, causando desalinhamento e dor em idades precoces. Além de maior risco para hérnia de disco e aumento da lordose lombar com cifose dorsal compensatória, os joelhos também sofrem uma deterioração mais precoce, rápida e agressiva. O excesso de peso aumenta a necessidade mecânica do corpo, com consequente aumento do gasto de energia, o que leva o indivíduo a realizar atividades diárias com menos eficiência, prejudicando a marcha e propiciando quadros dolorosos, principalmente nos joelhos. Fonte: Francisco Carlos Salles Nogueira, ortopedista, presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – Regional Minas GeraisFonte: ESTADO DE MINAS – MG

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