quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vitamina C pode melhorar frequência respiratória de crianças com asma

O suplemento é estudado como parte do tratamento da doença desde a década de 1940, mas resultados de pesquisas anteriores eram contraditórios

A suplementação diária de vitamina C pode ser benéfica para as crianças asmáticas que são frequentemente expostas ao mofo e à umidade — principalmente no quarto onde dormem. Segundo um estudo publicado no periódico médico Clinical and Translational Allergy, a vitamina pode melhorar a frequência respiratória dessas crianças, principalmente daquelas com sintomas moderados da doença e que têm entre sete e 8,2 anos.
CONHEÇA A PESQUISATítulo original:Vitamin C and asthma in children: modification of the effect by age, exposure to dampness and the severity of asthmaOnde foi divulgada: periódico Clinical and Translational AllergyQuem fez: Harri Hemila, Mohammed Al-Biltagi e Ahmed Abdul BaseInstituição: Universidade de Tanta, no Egito, e Universidade de Helsinki, na FinlândiaDados de amostragem: 60 crianças asmáticas, com idades entre 7 e 10 anosResultados: Os efeitos benéficos da suplementação diária de vitamina C em crianças asmáticas são variáveis: crianças entre 7 e 8,2 anos com sintomas moderados têm os maiores benefícios; já as entre 8,3 e 10 anos com sintomas severos têm os menores benefícios
Hipóteses de que a vitamina C poderia ser benéfica para o tratamento da asma vêm desde a década de 1940. O problema, no entanto, é que os resultados encontrados nos testes controlados haviam sido contraditórios. Para tentar sanar a dúvida, os médicos Mohammed Al-Biltagi, da Universidade de Tanta, no Egito, e Harri Hemila, da Universidade de Helsinki, na Finlândia, analisaram os efeitos da suplementação de 0,2 grama diária de vitamina C em 60 crianças asmáticas entre sete e 10 anos.
Os efeitos da vitamina C no volume expiratório forçado por um segundo (VEF1, um importante teste pulmonar) foram modificados pela idade e exposição a fungos e umidade. Nas crianças mais novas, entre sete e 8,2 anos, que estavam expostas a fungos e umidades, a administração da vitamina C aumentou os níveis de VEF1 em 37%. Já nas mais velhas, entre 8,3 e 10 anos, o aumento foi de 21%.
Após analisarem os resultados pela idade e severidade dos sintomas da asma, os especialistas chegaram à conclusão de que a suplementação de vitamina C nas crianças entre sete e 8,2 anos com sintomas moderados obtinham os melhores benefícios. Nas crianças mais velhas, no entanto, entre 8,3 e 10 anos e com sintomas severos, os benefícios encontrados foram os menores.
Para os cientistas, há evidências fortes de que os efeitos da vitamina C nas crianças asmáticas são heterogêneos. Eles consideram que é importante a realização de pesquisas posteriores que confirmem os dados, além de identificarem mais precisamente quais os grupos de crianças que teriam os melhores benefícios com o uso da vitamina.
FONTE: VEJA ONLINE

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Jejum na dieta pode causar diabetes

Pesquisa feita por médica da USP em ratos mostrou que jejum faz perder peso, mas causa alterações no metabolismo que levam ao desenvolvimento de diabetes e perda de massa muscular

Péssima notícia para aqueles que estão acostumados a fazer jejum como forma de perder peso. Uma pesquisa apresentada durante a FeSBE 2011 (Reunião Anual da Federação de Sociedades de Biologia Experimental) , no Rio de Janeiro, mostrou que, em modelos animais, intercalar períodos de jejum e comilança pode causar diabetes, perda de massa muscular e aumentar a produção de radicais livres. A pesquisa foi coordenada pela médica Alicia Kowaltowski, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), e publicada no periódico Free Radical Biology & Medicine.O grupo de pesquisa de Alicia é especializado em estudar como diferentes dietas afetam o metabolismo energético. A médica explica que, em geral, um rato de laboratório simula o comportamento de uma pessoa que come descontroladamente e não pratica exercícios. "Eles ficam gordões e desenvolvem diabetes porque comem à vontade e não fazem nada o dia todo", conta ao site de VEJA. O problema é que, para algumas pesquisas, um rato obeso e diabético não é o ideal. Nesse casos, é preciso preciso afinar a dieta do animal para que ele fique no peso ideal.Desde 1935, sabe-se que a redução de calorias na alimentação do rato melhora a saúde do bicho. "Quando reduzimos a quantidade de comida de maneira ordenada, os ratos ganham forma e não desenvolvem diabetes", explica Alicia. Esse controle, contudo, dá trabalho. "Temos que medir a massa de comida diariamente e ir acertando a quantidade para manter o rato no peso adequado."Preguiça dos pesquisadores — Cientistas da equipe de Alicia, liderados pela doutoranda Fernanda Cerqueira, perceberam que pesquisadores ao redor do mundo estavam utilizando uma técnica alternativa à redução calórica para fazer com que os ratos perdessem peso: o jejum. "É mais fácil: você intercala a dieta do animal com períodos de 24 horas de jejum e não precisa ficar medindo a quantidade de comida", explica Alicia. "A confusão acontece porque os ratos também perdem peso dessa forma. As pessoas pensam que ficar sem comer por muito tempo e reduzir a quantidade de calorias é a mesma coisa." Para provar que a dieta de redução de calorias é diferente da dieta do jejum, os pesquisadores da USP montaram três grupos de ratos: o primeiro tinha uma dieta de redução de calorias cuidadosamente controlada. Comia todos os dias, mas sempre uma quantidade menor de comida. O segundo grupo fazia jejum de 24 horas entre uma refeição e outra, comendo, assim, uma vez a cada dois dias. No terceiro, de controle, os ratos podiam comer o quanto quisessem. Os bichinhos passaram pela bateria de testes durante nove meses.
Glossário
Radicais livres
São átomos (ou grupos de átomos) formados quando o oxigênio interage com algumas moléculas em especial. Elas podem criar uma reação em cadeia e causar danos nas células, levando-as à morte ou atrapalhando seu funcionamento correto. Os danos às células podem provocar envelhecimento, câncer e várias outras doenças.
Radicais livres e diabetes - A primeira coisa que Alicia percebeu nos ratos que faziam jejum foi a alteração no metabolismo da glicose, fonte de energia importante para o organismo. Esse grupo perdeu peso, mas pagou caro: a sensibilidade ao hormônio insulina ficou comprometida e os animais desenvolveram diabetes. Os ratinhos que tiveram a dieta controlada com a redução de calorias e comiam todos os dias não tiveram problemas. Os resultados intrigaram os cientistas. Por que o animal que faz jejum intermitente fica incapaz de metabolizar a glicose? Alicia sugere uma explicação. "Isso pode acontecer porque a insulina age nas células por meio de um receptor específico, que pode ser danificado pela presença de radicais livres", disse. Ou seja, períodos intercalados de jejum e comilança aumentam a produção de radicais livres, que atacam os receptores de insulina. "Descobrimos que os ratos sob regime de jejum produziam cerca de quatro vezes mais radicais livres em relação àqueles sob dieta controlada". Massa muscular - As desvantagens do jejum intermitente não param por aí. O grupo que ficou privado de comer não perdeu peso por redução de gordura, de acordo com Alicia. "A quantidade de gordura na barriga dos ratos que fizeram jejum era a mesma do grupo controle, que comia descontroladamente", esclarece a médica. "Os animais que fizeram jejum perderam massa muscular." Isso quer dizer que os resultados podem ser parecidos em seres humanos? "Não necessariamente, mas a história mostra que o metabolismo energético em animais é muito semelhante ao nosso", explica Alicia. "Por causa da pesquisa com animais sabemos que a redução calórica aumenta a expectativa de vida dos seres humanos. Todo mundo sabe que não se pode comer tudo que vemos pela frente", disse. "Outro exemplo é a dieta rica em gordura, que tanto em seres humanos quanto em animais levam à obesidade e aumentam a incidência de várias doenças".Futuro - Com a conclusão da pesquisa, outras perguntas surgiram. O grupo agora vai tentar responder por que a dieta intermitente causa perda muscular e aumenta a produção de radicais livres. Alicia não pretende testar os resultados em seres humanos, mas disse que é muito comum outros grupos científicos retomarem o trabalho a partir de certo ponto.
Uma forma de verificar os resultados é consultar o banco de dados de outras pesquisas que incluam o jejum em seres humanos e tenham registros sobre os níveis de glicose e radicais livres dos participantes. "É possível que outros laboratórios se interessem pelos resultados e usam nossas descobertas para testes diretamente com seres humanos", disse.
FONTE: VEJA ONLINE

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Consumo de chocolate reduz doenças cardíacas em 30%, diz estudo

consumo de chocolate em grandes quantidades pode estar associado a uma redução de um terço nos riscos de desenvolvimento de certas doenças cardíacas, segundo um estudo britânico.
Chocolate pode curar tosse persistente, sugerem cientistas
O estudo, publicado na revista científica "British Medical Journal", confirma resultados de investigações anteriores sobre o assunto que, de maneira geral, encontraram evidências de um possível vínculo entre o consumo de chocolate e a saúde do coração.
Os autores enfatizam, no entanto, que é preciso fazer mais testes para saber se o chocolate realmente causa essa redução ou se ela poderia ser explicada por algum outro fator.
A equipe da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, apresentou seu trabalho no congresso da European Society of Cardiology, nesta segunda-feira, em Paris.
INVESTIGAÇÃO
Vários estudos recentes indicam que comer chocolate teria uma influência positiva sobre a saúde humana devido às propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias do alimento. Segundo esses estudos, o chocolate teria o poder de reduzir a pressão sanguínea e melhorar a sensibilidade do organismo à insulina (o que ajudaria a evitar a diabetes).
Entretanto, ainda não está claro de que forma o chocolate afetaria o coração.
Em uma tentativa de esclarecer a questão, o pesquisador Oscar Franco e seus colegas da Universidade de Cambridge fizeram uma revisão em grande escala de sete estudos sobre o assunto envolvendo cem mil pessoas, com e sem problemas no coração.
Os especialistas estavam particularmente interessados em avaliar os efeitos do consumo de chocolate sobre ataques cardíacos e acidentes vasculares (ou derrames).
Em cada estudo, a equipe comparou o grupo de participantes que comia a maior quantidade de chocolate ao resultado do grupo que comia a menor quantidade do alimento. Para evitar distorções, a equipe levou em conta diferenças de metodologia e qualidade dos estudos.
Cinco estudos encontraram uma associação positiva entre índices mais altos de consumo de chocolate e um menor risco de problemas cardiovasculares.
"Os índices mais altos de consumo de chocolate foram associados a uma redução de 37% em doenças cardiovasculares e uma redução de 29% na incidência de derrames em comparação aos índices mais baixos (de consumo)", os autores escreveram.
Não foram encontradas evidências significativas de redução em casos de falência cardíaca.
Os estudos não especificaram se o chocolate ingerido era meio-amargo ou ao leite. Entre os alimentos consumidos pelos participantes estavam barras de chocolate, bebidas, biscoitos e sobremesas contendo chocolate.
Segundo a equipe britânica, as conclusões do estudo precisam ser interpretadas com cautela, porque o chocolate vendido comercialmente é altamente calórico (contendo cerca de 500 calorias por cada cem gramas) e sua ingestão em grandes quantidades poderia resultar em ganho de peso, o que aumentaria os riscos de diabetes e doenças cardíacas.
Entretanto, os especialistas recomendam que, dados os benefícios do chocolate para a saúde, iniciativas para reduzir a quantidade de gordura e açúcar nos produtos deveriam ser exploradas.
FONTE: FOLHA ONLINE

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Pimenta picante ajuda a combater sintomas da rinite

Spray nasal feito de capsaicina tem ação mais rápida e eficiente para aliviar sintomas causados pela inflamação da mucosa do nariz

Até agora, já se sabia que a ingestão de pimentas picantes pode ajudar no emagrecimento e até no controle da pressão sanguínea. E os resultado de um novo estudo acabam de aumentar o leque de benefícios que o tempero traz à saúde. De acordo com uma pesquisa publicada no Annals of Allergy, Asthma & Immunology, um spray nasal com ingredientes derivados das pimentas da família da Caspicum annum (entre elas, a mexicana jalapenho e a pimenta-caiena) pode ajudar a tratar inflamações nas cavidades sinusais da via respiratória, como as rinites não alérgicas.
A Caspicum annum contém uma substância chamada capsaicina, que é uma das responsáveis pela sensação de calor desse tipo de pimenta. O composto é ainda ingrediente ativo de diversos medicamentos tópicos usados para o alívio temporário da dor – comercializados livremente nos Estados Unidos.
A rinite não alérgica é uma condição do trato respiratório superior, que se caracteriza pela inflamação da membrana da mucosa do nariz, sem uma reação alérgica envolvida. Os sintomas costumam ser desencadeados por certos odores ou substâncias irritantes no ar, mudanças no clima, alguns medicamentos, determinados alimentos e condições crônicas de saúde.
A equipe conduzida pelo pesquisador em alergia Jonathan Bernstein, da Universidade de Cincinnati, comparou o uso do spray nasal com a capsaicina com o uso de um spray placebo por duas semanas. Os 44 voluntários que participaram do levantamento tinham traços significativos de rinite não alérgica, como, por exemplo, congestão nasal e dores e sensação de pressão nos seios da face.
“Basicamente, concluímos que o spray é seguro e eficaz nas rinites não alérgicas”, diz Bernstein. O estudo mostrou ainda que os participantes que usaram o spray nasal com Capsicum annum relataram um rápido início de ação ou de alívio do medicamento - em média dentro de um minuto após o uso do spray. De acordo com os pesquisadores, esse é o primeiro teste clínico controlado onde a capsaicina foi usada em uma base contínua para controlar os sintomas.
FONTE: VEJA ONLINE

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Luta contra Alzheimer ganha um aliado: composto natural

Cientistas conseguem reproduzir em laboratório substância extraída de planta rara que combate a doença - e produção industrial começa a ser cogitada

Cientistas da Universidade de Yale, nos Estados Unidos, desenvolveram o primeiro método prático, barato e eficiente para criar em laboratório um composto natural de combate ao Alzheimer: o huperzine A. Encontrada na planta chinesa Huperzia serrata, a substância é usada desde o fim da década de 1990 para tratar a doença. Nos EUA, o huperzine A é vendido ainda como um suplemento alimentar para auxiliar a memória e, acredita-se, possa ser usado também para combater efeitos nocivos de agentes químicos. A pesquisa foi publicada no periódico Chemical Science.
Atualmente, pesquisadores só haviam conseguido extrair pequenas quantidades do composto diretamente da planta. A produção em laboratório é feita ainda com métodos morosos ou muito complexos. Com a nova técnica, no entanto, os cientistas de Yale conseguiram produzir a substância de maneira mais prática e barata. O novo processo tem apenas oito passos e produz um rendimento de 40%. Anteriormente, as melhores técnicas exigiam duas vezes mais passos e conseguiam rendimentos de apenas 2%.
“Ser capaz de sintetizar grandes quantidades de huperzine A em laboratório é crucial, porque a planta, que tem sido usada na medicina chinesa há séculos, demora décadas para crescer e está perto da extinção devido à exploração excessiva”, diz Seth Herzon, químico de Yale e coordenador do estudo. Em alguns lugares, a huperzine A chega a custar mais de 1.000 dólares por miligrama. Mas os pesquisadores esperam que, com uma produção em larga escala, seja possível reduzir os custos para 50 centavos de dólar por miligrama (uma dose típica é de, em média, 50 miligramas por dia).
Produção industrial - Para que essa produção em larga escala venha a ser possível, a equipe fez uma parceria com uma indústria que irá auxiliar na fabricação da substância. A empresa planeja avaliar também o potencial terapêutico do huperzine A em diferentes desordens neurológicas. Além disso, o laboratório de Herzon e a empresa estão trabalhando com o exército americano, que está interessado no potencial do composto em bloquear os efeitos de agentes usados na guerra química, sem efeitos colaterais.
Outros tratamentos para o Alzheimer à base de inibidores da enzima são atualmente prescritos nos EUA, mas o huperzine A é absorvido mais satisfatóriamente pelo organismo e dura mais tempo no corpo do que os outros tratamento. “Acreditamos que o huperzine A tem o potencial de tratar uma variedade de desordens neurológicas de maneira mais eficiente do que as opções disponíveis atualmente”, diz Herzon.
FONTE: VEJA ONLINE

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Ácido Hialurônico: Uma Nova Visão Muito Além da Hidratação

Molécula ‘Chave’ da MECÁcido hialurônico, ou hialuronan, é um polímero formado pela repetição da uma unidade dissacarídea única, ácido D-glicurônico e D-N-acetil glucosamina. Nessa estrutura polimérica pode ser ligado um grande número de proteoglicanas sulfatadas, de até uma centena. Essas estruturas supramoleculares podem ‘capturar’ moléculas de água e alguns íons, promovendo hidratação e turgor tissular (1).
Como não possui núcleo proteico, a síntese de ácido hialurônico é realizada através de um processo único que depende da atividade enzimática da hialuronan sintetase. Esse polímero foi identificado em todos os tecidos de vertebrados e pode ter massa molecular de até 107 Daltons (1). Hialuronan (AH) é o componente ‘chave’ da matriz extracelular (MEC) e está envolvido em vários mecanismos do processo de cura de lesões. É altamente higroscópico e é importante para a visco-elasticidade da pele (2). Devido a suas propriedades fisico-químicas excepcionais e capacidade higroscópica, assim como à participação das diversaos processos biológicos, o ácido hialurônico é um componente essencial da MEC (1). A interação entre o hialuronan e seu receptor da membrana celular CD44 inicia algumas vias de sinalização intracelular, regulando a proliferação, a migração e a diferenciação. A resposta celular é amplamente influenciada pelo tamanho do polímero e pela estrutura de fragmentos formados pela degradação do AH pela ação de radicais livres ou da hialuronidase (1). Metabolicamente, o ácido hialurônico é muito ativo: a meia vida desse composto na pele é de um dia. Embora esteja presente em todos os tecidos, mais de 50% do AH encontra-se na pele. Na epiderme, participa da proliferação e da diferenciação das células basais e na derme está associado ao versican, exercendo várias funções (1). Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S3-8.Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S30-9.Os Tipos de Ácido HialurônicoDe acordo com o peso molecular, podemos diferenciar 3 diferentes classes de ácido hialurônico:
Ácido hialurônico de alto peso molecular
Ácido hialurônico de baixo peso molecular
Ácido hialurônico de baixíssimo peso molecular
Essas moléculas apresentam diferente permeação cutânea.As propriedades das moléculas do AH dependem do seu peso molecular. O ácido hiaurônico de alto peso molecular, ou hialuronan nativo possui propriedades estruturais, enquanto os produtos da sua degradação, os oligômeros, estimulam a proliferação das células endoteliais e a migração. Os oligômeros do AH também modulam os processos inflamatórios e promovem a neo-angiogênese durante diferentes fases da cura das lesões (2). Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S30-9.Ácido hialurônico de alto peso molecularTambém chamado de ácido hialurônico, ou hialuronan nativo, é a forma do ácido hialurônico mais comumente utilizada. Seu peso molecular pode ser até 10.000.000 Da.Ácido hialurônico de baixo peso molecularSegundo um estudo, o ácido hialurônico de baixo peso molecular possui a capacidade de permear a barreira epidérmica e proteger o tecido granuloso contra as lesões causadas por radicais livres de oxigênio (3). Int J Tissue React.2002;24(2):65-71.Ácido hialurônico de baixíssimo peso molecularUm teste realizado pelo fabricante desse ácido, Q.P. Corporation, Japão, confirmou que esse produto é altamente hidratante.Ácido Hialurônico e Cicatrização: Comprovações CientíficasÁcido hualurônico tem habilidade de promover a cura das lesões (4), e é amplamente estudado. Hialuronan melhora e acelera o processo de cura das lesões agudas e crônicas da pele (5) e vários estudos científicos confirmaram essa ação.J Biomater Sci Polym Ed. 2010;21(6):715-26.Am J Clin Dermatol. 2006;7(6):353-7. Estudo Clínico 1O AH favorece a cicatrização das lesões cutâneas sem a formação de cicatriz, proporcionando um ambiente celular parecido com o de feto (fetal-like) (6).Pesquisadores da Faculdade de Medicina de Cannes, França, avaliaram os efeitos do ácido hialurônico e seus fragmentos, HA-12 e HA-880, na proliferação dos fibroblastos humanos e na expressão de genes correlacionados à matriz. De acordo com os resultados, as 3 formas promoveram adesão e proliferação celular, aumentaram as metaloproteinases 1 e 3 da matriz extracelular. O ácido hialurônico e o fragmento HA-12 promoveram a estimulação de colágeno III e TGF-beta3, enquanto somente o ácido hialurônico promoveu a ativação de factor-kappaB e proteína ativada 1. Dependendo do seu tamanho, o ácido hialurônico pode promover diferente regulação do processo de cura da lesão cutânea. O ácido hialurônico estimula o colágeno III, a expressão do TGF-beta3 e a proteína 1 de ativação, sugerindo que pode até promover um ambiente celular parecido com o de feto (fetal-like), o que favorece a cicatrização da lesão da pele sem a formação de cicatriz.Wound Repair Regen. 2008 Mar-Apr;16(2):274-87. Epub 2008 Feb 13. Estudo clínico 2Hialuronan facilita a proliferação dos fibroblastos mediada pelo fator de crescimento TGF-beta1 (7).Cientistas ingleses pesquisaram os mecanismos que determinam a cura da lesão sem a formação de cicatriz versus formação de cicatriz. Foi observado que a proliferação dos fibroblastos é regulada pelo TGF-beta1, através da sinalização Smad3*( um gene, mediador crítico da via de sinalização TGF-beta), e que a inibição da síntese de hialuronan promove a redução total da proliferação dos fibroblastos TGF-beta1- mediada. J Biol Chem. 2008 Mar 7;283(10):6530-45. Epub 2008 Jan 2.Estudo clínico 3Hialuronan é um potente estimulador da angiogênese na cura da lesão (8).Os resultados de um estudo publicado no periódico Clinical and Investigative Medicine demonstraram que o hialuronan promove a cura da lesão acelerando a angiogênese, estimulando a proliferação das células endoteliais através da via de transdução de sinal o-HA-RHAMM (Receptor for HA-Mediated Motility). Clin Invest Med. 2008;31(3):E106-16.Estudo clínico 4A interação entre o hialuronan e os seus receptores promove a recuperação da lesão do tecido e a manutenção da integridade celular (9).Um estudo confirmou que a interação entre o hialuronan e os seus receptores inicia a resposta inflamatória, promovendo a recuperação da lesão do tecido e a manutenção da integridade celular.Annu Rev Cell Dev Biol. 2007;23:435-61.O ácido hialurônico:
Promove proliferação e migração celular (1,2);
Protege o tecido granuloso contra a lesão causada por radicais livres de oxigênio (3);
Inicia a resposta inflamatória, promovendo a recuperação da lesão do tecido e a manutenção da integridade celular (9);
Estimula o colágeno III, a expressão do TGF-beta3 e a proteína 1 de ativação (6);
Promove a angiogênese (8,9);
Age na fase de granulação e reepitelização durante o processo de cura da lesão (10);
Promove regeneração celular (1i).
Ácido Hialurônico e Hidratação: Comprovações Científicas Devido a sua estrutura polimérica e ao grande número de proteoglicanas sulfatadas ligadas nela, o ácido hialurônico pode nessa estrutura ‘capturar’ moléculas de água e alguns íons, promovendo hidratação e turgor tissular (1). Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S3-8.O AH possui papel principal para hidratação e elasticidade da pele (12).Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S23-5.O ácido hialurônico é responsável pela hidratação, troca de nutrientes e proteção contra as lesões causadas por radicais livres. O ácido hialurônico está sendo usado há anos para promover elasticidade, turgor e hidratação cutânea (13). J Dtsch Dermatol Ges. 2008 Mar;6(3):176-80.Ativos Dermocosméticos Baseados em Ácido Hialurônico De acordo com peso molecular do AH, esses ativos apresentam propriedades e aplicações diferentes.1. Ácido hialurônico de alto peso molecular (Hyaluronic acid BT)Também chamado de hialuronan nativo, é a forma do ácido hialurônico mais comumente utilizada. Seu peso molecular pode ser de até 10.000.000 Da. Fabricante: Pentapharm, Suíça.INCI Name: Sodium Hyaluronate.Devido a sua atividade de estimular o colágeno III, a expressão do TGF-beta3 e a proteína 1 de ativação, pode promover um ambiente celular fetal-like, oque favorece a cicatrização da lesão da pele sem a formação de cicatriz (6). Sua aplicação principal seria na cicatrização.2. Ácido hialurônico de baixo peso molecular (Renovhyal®)Renovhyal® é composto por ácido hialurônico de baixo peso molecular, (15.000 ≤ MW ≤ 50000 Da) na forma sódica, certificado pela Ecocert. Ele proporciona um aumento na síntese de colágeno e é eficaz na hidratação cutânea. Altamente indicado no tratamento anti-aging.
Legenda. Áreas de atuação de Renovhyal®:
Estrato granuloso - reforça as zônulas de oclusão entre os queratinócitos, por estimular a expressão das proteínas ZO-1 e ocludina, limitando a TEWL.
Derme - mantém a hidratação da pele, devido a sua alta capacidade higroscópica e aumenta a firmeza cutânea através do estímulo da síntese de colágeno
3. Ácido hialurônico de baixíssimo peso molecular (Hyalo-Oligo®) Hyalo-Oligo® é um ácido hialurônico de baixo peso molecular (oligômero doácido hialurônico), com peso molecular médio menor que 10.000 Da *, produzido pelo método de fermentação com Streptcoccus zooepidemicus. * Pendente de patente.Fabricante: Q.P. Corporation, Japão.INCI Name: Hydrolized Hyaluronic Acid.Um teste realizado pelo fabricante confirmou que esse produto é altamente hidratante, além de aumentar e reter a hidratação cutânea significativa por até três dias após a aplicação.Q.P. Corporation, Japão.Referências Bibliográficas1. Nusgens BV. Hyaluronic acid and extracellular matrix: a primitive molecule? Laboratoire de Biologie des Tissus Conjonctifs, GIGA-Recherche, Université de Liège, Belgique. Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S3-8.2. Gall Y. Hyaluronic acid: structure, metabolism and implication in cicatrisation. Service de Dermatologie, CHU de Toulouse - Hôpital Purpan, TSA40031, Place du Dr Baylac 31059 Toulouse cedex 9, France. Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S30-9.3. Trabucchi E, Pallotta S, Morini M, Corsi F, Franceschini R, Casiraghi A, Pravettoni A, Foschi D, Minghetti P. Low molecular weight hyaluronic acid prevents oxygen free radical damage to granulation tissue during wound healing. Wound Healing Center, Erba Voglio Foundation, Brescia, Italy. Int J Tissue React. 2002;24(2):65-71. 4. Matsumoto Y, Kuroyanagi Y. Development of a wound dressing composed of hyaluronic acid sponge containing arginine and epidermal growth factor. R&D Center for Artificial Skin, School of Allied Health Sciences, Kitasato University, 1-15-1 Kitasato, Sagamihara, Kanagawa 228-8555, Japan. J Biomater Sci Polym Ed. 2010;21(6):715-26.5. Voinchet V, Vasseur P, Kern J. Efficacy and safety of hyaluronic acid in the management of acute wounds. Am J Clin Dermatol. 2006;7(6):353-7.6. David-Raoudi M, Tranchepain F, Deschrevel B, Vincent JC, Bogdanowicz P, Boumediene K, Pujol JP. Differential effects of hyaluronan and its fragments on fibroblasts: relation to wound healing. Wound Repair Regen. 2008 Mar-Apr;16(2):274-87. Epub 2008 Feb 13.7. Meran S, Thomas DW, Stephens P, Enoch S, Martin J, Steadman R, Phillips AO. Hyaluronan facilitates transforming growth factor-beta1-mediated fibroblast proliferation. Institute of Nephrology, School of Medicine, Cardiff Institute of Tissue Engineering and Repair, Cardiff University Heath Park, Cardiff, UK. J Biol Chem. 2008 Mar 7;283(10):6530-45. Epub 2008 Jan 2.8. Gao F, Yang CX, Mo W, Liu YW, He YQ. Hyaluronan oligosaccharides are potential stimulators to angiogenesis via RHAMM mediated signal pathway in wound healing. Clin Invest Med. 2008;31(3):E106-16. 9. Jiang D, Liang J, Noble PW. Hyaluronan in tissue injury and repair. Annu Rev Cell Dev Biol. 2007;23:435-61.10. Chen WY, Abatangelo G. Functions of hyaluronan in wound repair. Wound Repair Regen. 1999 Mar-Apr;7(2):79-89.11. Itano N. Simple Primary Structure, Complex Turnover Regulation and Multiple Roles of Hyaluronan. J Biochem. 2008 Aug;144(2):131-137. Epub 2008 Apr 4.12. Masson F. Skin hydration and hyaluronic acid. Service de Dermatologie, Centre Hospitalier de la région d'Annecy, 1 av. de l'hôpital, 74374 Pringy. Ann Dermatol Venereol. 2010 Apr;137 Suppl 1:S23-5.13. Wiest L, Kerscher M. Native hyaluronic acid in dermatology--results of an expert meeting. J Dtsch Dermatol Ges. 2008 Mar;6(3):176-80.
FONTE: http://www.mauriciopupo.com/infoco.php

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Proteção contra o Alzheimer

Estudo revela que adotar uma dieta equilibrada, praticar exercícios físicos e não fumar, entre outros hábitos saudáveis, reduz pela metade a chance de desenvolver a doença

Apesar de sentir certa nostalgia, Clemente Alves, 74 anos, tenta não ceder à saudade dos tempos em que tinha vida social intensa com sua mulher, Thereza, de 72. Fazia com ela muitas viagens, iam a restaurantes, se divertiam. A esposa continua a seu lado, mas não é mais a mesma companheira. Tem sérias falhas de memória, por vezes demora a reconhecê-lo. Em outubro de 2004, Thereza foi diagnosticada como portadora da doença de Alzheimer. Isso mudou a vida do casal. A mulher ativa, que por muitos anos trabalhou como contadora e depois da aposentadoria tinha como hobby o turismo, tornou-se dependente. “No início foi muito difícil”, admite Alves. Com a ajuda das filhas e dos médicos, ele aprendeu a lidar com o problema. “Hoje, quando chego em casa, faço festa para ela, puxo para dançar”, conta. “Não me importo se ela não entende o que estou fazendo.”A tendência é de que histórias tocantes como a de Thereza e Clemente sejam cada vez mais comuns no Brasil daqui em diante – a doença se manifesta na terceira idade, faixa etária que cresce no País. “Estamos começando a passar pelo que a Europa e os Estados Unidos passaram há 20 anos”, atesta o neurologista Paulo Caramelli, da Universidade Federal de Minas Gerais. Hoje, a estimativa é que 1,2 milhão de pessoas têm Alzheimer no País. Em lugares onde a longevidade há muitos anos está alta, a doença é um tema frequente. Pesquisa feita com 2.678 adultos dos EUA, da França, Alemanha, Espanha e Polônia pela Escola de Saúde Pública de Harvard e pela instituição Alzheimer Europe revela que a enfermidade é a segunda doença mais temida, citada por 25% dos entrevistados. Ficou atrás somente do câncer.
Os cientistas, no entanto, têm boas notícias: cuidados preventivos podem evitar até 50% das ocorrências e há estudos para a criação de técnicas de diagnóstico cada vez mais precoce. Um dos estudos mais importantes neste aspecto foi realizado na Universidade da Califórnia (EUA) e divulgado recentemente. Os pesquisadores chegaram à lista dos principais fatores de risco para a doença. Basicamente, são os mesmos vilões responsáveis pela maior parte dos casos de outras doenças importantes, como as cardiovasculares: tabagismo, obesidade e sedentarismo entre eles (leia quadro). A grande diferença está no principal fator de risco. Manter baixa atividade cerebral e possuir baixa escolaridade são as mais fortes ameaças. Para se ter uma ideia, os pesquisadores concluíram que indivíduos em situação oposta a essa – ou seja, estimulados intelectualmente e com alta escolaridade – apresentam 14% menos chance de ter a enfermidade. Na conta final, os cientistas mostraram que evitar os sete fatores de risco citados na pesquisa pode diminuir o número de casos à metade.O trabalho provou, mais uma vez, a importância de seguir uma rotina de hábitos saudáveis também para a proteção do cérebro. De fato, diversas pesquisas demonstraram, por exemplo, o poder dos exercícios e dos alimentos nessa função. De formas distintas, eles contribuem para o bom funcionamento dos neurônios, as células nervosas que são o alvo de destruição do Alzheimer – a doença causa a sua morte.Há também avanços consideráveis nas pesquisas que buscam formas de diagnosticar a enfermidade mais precocemente. Este é um objetivo urgente. Atualmente, o diagnóstico é feito a partir de avaliação clínica, testes de memória e exame de ressonância magnética. A ausência de ferramentas mais eficientes acaba muitas vezes atrasando o início do tratamento – o que só piora o prognóstico. Por isso, há uma corrida da ciência à procura, entre outras coisas, de substâncias específicas que sirvam como marcadores da doença. O nível de concentração de uma determinada proteína, por exemplo, poderia servir como indicação do início da enfermidade.
Outro foco é usar com mais precisão as informações obtidas por exames de imagem. Nesse sentido, cientistas do Rush University Medical Center (EUA)deram um passo importante. Eles concluíram que a análise da anatomia do cérebro permite prever o Alzheimer com uma década de antecedência. Indivíduos com algumas áreas do cérebro mais finas teriam três vezes mais chances de desenvolver a doença. Os cientistas continuam o estudo para tornar o método disponível.O Alzheimer ainda não tem cura. O que se consegue é retardar sua progressão – daí a urgência em detectá-lo o quanto antes possível. Felizmente, esse foi o caso do aposentado Dilton de Oliveira, 69 anos, que há três anos soube que tinha a doença. Imediatamente, sua mulher, Valdiva Fontenele, o matriculou numa academia de ginástica e ele também foi encaminhado para uma terapia cognitiva (estimula o raciocínio). Desde então, Dilton vive de segunda a sexta entre sessões de alongamento, musculação, hidroginástica e os cuidados de uma terapeuta. “Ainda saímos para ir ao teatro, ao restaurante e passamos os fins de semana numa casa na serra”, diz Valdiva.Manter-se ativo é uma das premissas para atrasar o avanço da doença. “Mas é comum vermos o inverso: idosos com Alzheimer que passam o dia sentados assistindo à tevê”, lamenta o geriatra André Jaime, do Hospital São Luiz, de São Paulo. “Isso não estimula a atividade cerebral”, diz. Outra abordagem de tratamento é feita com remédios que atuam sobre uma substância cerebral que participa do processo de distribuição dos impulsos nervosos, ajudando a fazer a comunicação entre os neurônios.Mais recentemente, ganhou destaque nas preocupações dos médicos a necessidade de assistência aos cuidadores, as pessoas responsáveis pelos cuidados aos pacientes. A sobrecarga em relação a elas é um efeito colateral frequente. A paulista Terezinha Oliveira teve sua vida revirada depois que seu pai, Rosalvo, 87 anos, passou a apresentar sintomas. Ela se mobilizou para ajudar a mãe, Paulina, que tem 83 anos. Divide seu tempo entre a administração da empresa que tem com o marido, a educação das duas filhas e os cuidados com o pai. “Quando ele precisa, largo tudo e saio correndo”, diz. “Me sinto estressada e nos fins de semana o cansaço piora, pois não temos cuidadora nesses dias.” Para contar sua experiência, ela criou o blog “Meu pai e o Alzheimer”.Muitos cuidadores esquecem da própria saúde. “Mas é preciso que eles saibam que é primordial manter-se saudável”, recomenda Eliana Faria, da seção fluminense da Associação Brasileira de Alzheimer, cuja mãe tem a doença. “Eles têm que ter apoio psicológico e clínico, fazer exercícios e participar de grupos nos quais troquem experiências com pessoas que têm o mesmo problema.”
FONTE: ISTO É

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Consumidor troca frutas e verduras por comida industrializada 'funcional'

Produtos alimentícios que prometem benefícios tiveram um salto de 82% entre 2004 e 2009, podendo crescer mais 39% até 2014; especialistas, porém, têm dúvidas sobre sua eficácia, já que quantidade ingerida teria de ser gigantesca para gerar efeito
Quase na mesma velocidade em que as pessoas das grandes cidades abandonam o consumo de grãos, frutas e vegetais, multiplicam-se nas prateleiras dos supermercados alimentos enriquecidos com vitaminas e outros ingredientes ditos funcionais.
Ayrton Vignola/AE
'É tão prático!' Rosimeire Fernandes gasta cerca de R$ 400 por mês com esses produtos
As promessas são muitas: ajudar no controle do peso, do colesterol e no funcionamento do intestino. Fortalecer o sistema imunológico, prevenir a osteoporose, a flacidez, o envelhecimento e, quiçá, o câncer. Até que ponto isso é verdade? Nem os especialistas sabem.
Segundo dados do Instituto Euromonitor, o mercado de alimentos e bebidas ligados à saúde e bem-estar no País cresceu 82% entre 2004 e 2009 - saltando de R$ 13,6 bilhões para R$ 24,8 bilhões. Estima-se que até 2014 o setor cresça outros 39%, impulsionado por consumidores como a gerente de marketing Rosemeire Fernandes, de 46 anos.
Entre shakes para emagrecer, suplementos vitamínicos, chás antioxidantes e produtos ricos em fibra e com 0% de açúcar, ela gasta cerca de R$ 400 por mês - isso sem contar a "comida de verdade". "É tão prático! No café da manhã, tomo um shake preparado com leite de soja e acrescento farinha de linhaça e colágeno em pó. Depois tomo uma cápsula com vitamina C e zinco. Em 5 minutos estou pronta para sair e tenho todos os nutrientes que preciso", conta.
Pilares da indústria. A busca por praticidade e saúde são os principais vetores do crescimento da indústria de alimentos, aponta levantamento da Nielsen, empresa especializada em pesquisa de mercado.
"As pessoas estão vivendo mais e de forma mais estressada. Buscam alimentos que possam neutralizar as agressões do meio ambiente", diz Jocelem Salgado, presidente da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais. "Sem dúvida você agrega valor a um produto quando comprova que ele, além de nutrir, traz um benefício para a saúde. Mas isso não é fácil", admite.
Algumas substâncias já foram referendadas pela ciência, como o ácido graxo ômega 3, diz a agrônoma Inar de Castro, da USP. Mas outras vedetes da indústria precisam ser mais bem estudadas para que se tenha certeza de sua eficácia e segurança.
"Ainda não podemos afirmar que antioxidantes trazem algum benefício, como retardar o envelhecimento ou prevenir doenças. As pesquisas não são conclusivas. É possível até que tenham efeito contrário do que se espera", afirma Inar.
FONTE: ESTADÃO ONLINE

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

O segredo está na serotonina

A substância é sintetizada a partir do triptofano, aminoácido que deve ser introduzido na dieta para garantir alto astral e ajudar a reduzir os quilos a mais
Você se sente bem porque perde peso ou perde peso e, por isso, se sente bem? Quando o assunto são moduladores corpóreos de apetite e do humor, a sensação é de que estamos diante de um dilema. Para solucionar a questão, é preciso entender como funcionam os neurotransmissores, substâncias capazes de enviar sinais entre as células nervosas de todo o organismo. Em destaque, a serotonina, que ajuda no equilíbrio de aspectos fundamentais da saúde.
Considerada um dos mais poderosos reguladores do humor e do apetite, a serotonina é produzida no cérebro e no sistema nervoso de todos os seres humanos e animais. Dependendo da hora do dia ou da estação do ano, sua atividade pode sofrer oscilações. Entre as mulheres, esse fenômeno é mais comum, e essa seria uma das razões por que esse grupo é mais propenso à depressão, bem como às mudanças de temperamento e compulsões por determinados alimentos, principalmente no período pré-menstrual.
Onde o triptofano está?A nutricionista Solange Guidolin, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (USP), preparou uma lista com onze alimentos ricos nesse nutriente. Os valores correspondem à 100 g do produto, mas o ideal é que você os inclua na sua dieta diária em qualquer quantidade.
A nutricionista clínica Elenir Strutzel explica que, além do desejo de consumir doces e carboidratos, baixos níveis dessa substância têm sido vinculados a dores de cabeça, insônia, ansiedade, depressão, transtornos alimentares e fibromialgia. "Já o excesso geralmente tem como causa o uso inapropriado de medicamentos que reforçam seu efeito", diz a especialista.
Em excesso, prejudicaO resultado é a chamada síndrome serotoninérgica, que pode acometer usuários de triptano, remédio utilizado para controle da enxaqueca, combinado com inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS) ou inibidores seletivos de recaptação da serotonina e noradrenalina (ISRSN).
Adriano Segal, diretor de Psiquiatria e Transtornos Alimentares da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), fala que esse quadro se caracteriza por alterações mentais (irritabilidade, agitação, confusão etc.) e musculares (tremores, rigidez), sintomas neurológicos (convulsão, coma), bem como sinais autônomos (febre, taquicardia, hipertensão). "Essas manifestações podem ser leves ou graves, e devem ser tratadas rapidamente", alerta.
Carol Hart, escritora especializada em ciência e saúde, autora do livro Segredos da serotonina (Cultrix), afirma que algumas pessoas têm predisposição inata a essas flutuações e, por isso, são mais vulneráveis às situações de estresse, e até ambientais, fatores que contribuem para o aumento da fome e das oscilações de humor. "Hereditariedade também pode estar relacionada", acrescenta.
Mas como seria possível identificar alterações nos níveis da atividade serotoninérgica? A pesquisadora responde que a própria pessoa passa a observar em si algumas mudanças comportamentais, que podem ser descritas como "baixo astral ou mau humor sem motivo aparente. E isso não é algo esporádico, ou um leve problema de humor e alimentação. É uma sensação bastante pronunciada".
Exame difícil
Quando os sintomas dessas flutuações são intensos e repetidos, o melhor a fazer é procurar ajuda médica. Neurologistas, endocrinologistas, nutrólogos, psiquiatras e até nutricionistas poderão avaliar e identificar o problema, além de orientar sobre a melhor forma de tratamento em cada caso. Segundo a nutróloga Maria Del Rosario, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), como 97% da serotonina corporal é sintetizada no intestino, os exames laboratoriais que podem auxiliar num diagnóstico são o serotonina plaquetária (sangue), ou o ácido 5-hidroxi-indolacético (urina), utilizado como marcador tumoral para uma doença intestinal rara (síndrome carcinoide).
Mas a endocrinologista Maria Edna de Melo, do Grupo de Obesidade e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas da FMUSP e membro da ABESO, pondera: "A dosagem de serotonina no sangue periférico não representa o que ocorre no cérebro. Assim, não existe um teste útil para essa finalidade".
Supressora da fome
Para além das oscilações de humor, a serotonina pode influenciar também o comportamento alimentar. Outras substâncias também estão relacionadas, mas acreditase que ela seja a responsável pela supervisão de todo o processo. A justificativa para isso é que a serotonina é considerada um supressor natural da fome, já que é capaz de estimular a sensação de saciedade. Daí sua influência, ainda que de forma indireta, mas forte, no controle do peso.
De acordo com a pesquisadora Carol Hart, é fácil entender esse mecanismo, pois é comum que estados emocionais sejam desencadeadores de alterações do apetite. "Algumas pessoas perdem a vontade de comer quando estão preocupadas, tristes ou deprimidas. Outras comem em excesso para aliviar seus sentimentos."
Triptofano no pratoUm estudo publicado pelo Journal of Psychiatry & Neuroscience, de autoria de Simon N. Young, do Departamento de Psiquiatria da MacGill University Montreal (Canadá), mostrou que há várias maneiras de estimular a produção dessa substância, sem usar remédios. O estudo foca o tratamento da depressão, mas destaca a dieta numa receita que incorpora psicoterapia, exposição à luz solar e exercícios físicos.
A indicação para a mudança nos hábitos alimentares tem uma razão de ser: a serotonina é uma molécula produzida no cérebro e no corpo a partir do triptofano (também como 5-HTP), aminoácido essencial, encontrado em todos os alimentos ricos em proteína (laticínios, ovos, carne e peixe, sementes de girassol, castanhas, diversas verduras e legumes). De acordo com a nutróloga Maria Del Rosario, existem evidências de que a síntese de serotonina cerebral possa ser modulada dieteticamente pela oferta desses macronutrientes, destacando-se também a ingestão de carboidratos complexos. Alimentação deficiente em triptofano desencadeia humor deprimido, irritabilidade e agressividade. O seu contrário ajuda a controlar o apetite, principalmente em portadores de bulimia, ou problemas de compulsão alimentar.
Carol Hart explica como isso funciona: "Quando esses alimentos são digeridos, seus aminoácidos, inclusive o triptofano, penetram na corrente sanguínea e são transportados para os tecidos, onde são usados na síntese de proteínas do próprio organismo e de outras moléculas essenciais, como a serotonina".
Assim, para manter a balança sob controle, a ideia é aumentar os níveis de serotonina de forma natural, aliviando os maléficos sintomas dos baixos níveis. Como coadjuvante, a atividade física, de preferência ao ar livre, porque o movimento e a luz solar igualmente estimulam a produção de serotonina. "E o exercício nem precisa ser vigoroso: caminhar, andar de bicicleta, nadar em qualquer velocidade e até tricotar podem ajudar", diz a escritora.
Para driblar a compulsão por açúcar e carboidratos simples (como doces e pão), o conselho dos especialistas é substituílos por alimentos mais saudáveis. "Planejar um cardápio baseado em proteínas e carboidratos complexos (batata, feijão, pão integral), em que esses últimos estejam presentes num horário do dia quando o humor e outros sintomas forem piores. Assim, se alguém tende a se sentir sem energia ou ansioso à tarde, seu lanche deve ser à base de carboidrato. À noite, o jantar deve ser só proteína."O psiquiatra Adriano Segal é menos otimista quanto à dieta alimentar e à possível supressão ou diminuição do uso de remédios que controlam a serotonina. "Lembro que essa alternativa não é aprovada como tratamento de obesidade. Apenas pode ser usada como coadjuvante em alguns casos escolhidos", conclui.
FONTE: REVISTA VIVA SAÚDE

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Comer carne vermelha aumenta risco de diabetes, alerta estudo

O aumento do risco é maior se for consumida carne vermelha processada
Comer duas fatias de toucinho, uma salsicha ou uma porção diária de carne vermelha aumenta significativamente o risco de diabetes tipo 2, alertou um amplo estudo feito nos Estados Unidos e publicado esta quarta-feira na versão online da revista American Journal of Clinical Nutrition.
O risco de desenvolver diabetes tipo 2 aumenta 51% se forem consumidas 50 gramas de carne vermelha processada por dia, e 19% se forem ingeridas 100 gramas diárias de carne vermelha não processada, informaram os pesquisadores encarregados da pesquisa.
Substitutos — No entanto, esses riscos diminuem se a carne vermelha for substituída por frutas secas, carnes brancas, lácteos pobres em gordura ou proteínas de grão inteiro, acrescentaram os especialistas. Se uma pessoa que consome 100 gramas de carne vermelha todos os dias a substituir por frutas secas para obter a mesma quantidade de proteínas, o risco diminui em 17%. Este número aumenta para 23% se forem consumidos cereais integrais.
O estudo, realizado por cientistas da Escola de Saúde Pública de Harvard, é a maior pesquisa do tipo feita até agora. "Claramente, os resultados deste estudo têm implicações na saúde pública, em vista da epidemia crescente de diabetes tipo 2 e do consumo de carnes vermelhas em todo o mundo", disse o autor principal do estudo, Frank Hu.
"A boa notícia é que esses fatores de risco preocupantes podem ser compensados, substituindo a carne vermelha por uma proteína mais saudável", acrescentou Hu, professor de nutrição e epidemiologia.
Epidemia — Os dados utilizados no estudo foram obtidos em um questionário que profissionais da saúde submeteram a mais de 200.000 pessoas nos Estados Unidos. As pessoas estudadas foram acompanhadas entre os 14 e os 28 anos.
A diabetes tipo 2 afeta 350 milhões de adultos em todo o mundo. Nos Estados Unidos, mais de 11% dos adultos maiores de 20 anos - 25,6 milhões - sofrem da doença, segundo os Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país.
Doença crônica que implica elevados níveis de açúcar no sangue, a diabetes tipo 2 é frequentemente causada por obesidade, sedentarismo e hábitos alimentares pouco saudáveis.
FONTE: VEJA ONLINE

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Conselho Federal de Medicina é contra proibição de emagrecedores

O CFM (Conselho Federal de Medicina) divulgou uma nota pública na quinta-feira (11) onde lista suas considerações contra uma possível decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de suspender o comércio de inibidores de apetite no país.
Maioria aprova retirada de emagrecedores do mercado no país
O anúncio da decisão deve ser feito no fim deste mês, segundo a Anvisa.
O documento do CFM foi enviado ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, aos presidentes do Senado e da Câmara e a outras autoridades.
No texto, entre os alertas, o CFM diz que a Vigilância Sanitária desconsidera seus argumentos. Leia a nota na íntegra:
"Tendo em vista a possível proibição do comércio da sibutramina e de outros três inibidores de apetite (anfepramona, femproporex e mazindol), medida defendida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e crescente epidemia de obesidade que assola o país (o IBGE aponta que 12,5% dos homens e 16,9% das mulheres apresentam este quadro), o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os 27 Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) manifestam publicamente seu posicionamento pelos seguintes motivos:
1. A interdição da venda dessas substâncias representa uma interferência direta na autonomia de médicos e de pacientes na escolha de métodos terapêuticos reconhecidos cientificamente para tratar problemas graves de obesidade;
2. Os médicos têm o direito de - dentro de práticas reconhecidas e segundo a legislação vigente - prescrever o tratamento adequado, em acordo com seu paciente, sendo o uso de medicação específica uma possibilidade;
3. A confirmação dessa medida pode contribuir para o agravamento de quadros de saúde de pacientes com dificuldade de reduzir o peso corporal apenas com adoção de dietas e da prática de exercícios, abordagens importantes, mas nem sempre suficientes;
4. A impossibilidade de uso dessas substâncias pode ainda agravar doenças já diagnosticadas e aumentar o risco de aparecimento de outras, que, em casos extremos, podem causar a morte de milhares de brasileiros que lutam contra o peso acima dos padrões da normalidade;
5. As entidades médicas participaram ativamente de reuniões e debates na Anvisa onde expuseram seus pontos de vista, no entanto seus argumentos têm sido desconsiderados, o que pode redundar em medidas unilaterais e autoritárias, como suspender o uso de inibidores.
6. Tal ato pode, inclusive, provocar outros problemas para a sociedade, entre os quais o nascimento de mercados paralelos para suprir a demanda de pacientes, expondo-os aos riscos do consumo de fármacos sem supervisão médica e aos avanços do tráfico de drogas;
7. Importantes estudos internacionais comprovam a eficácia dos inibidores de apetite, sendo atestado que seu uso resulta em maiores benefícios que riscos para pacientes;
8. Em lugar de apenas proibir a venda desses produtos, o CFM, os CRMs e outras entidades médicas já propuseram à Anvisa a definição de critérios rigorosos para controle do seu comércio, como já ocorre com outras substâncias.
O CFM e os CRMs continuam abertos ao diálogo e se colocam à disposição para ajudar no preparo de campanhas do governo que orientem profissionais e pacientes sobre o uso racional desses produtos, sem a necessidade de proibir sua comercialização no país. Contudo, as entidades médicas ressaltam que recorrerão à Justiça, se for preciso, para preservar a autonomia dos médicos e proteger a saúde dos brasileiros."
FONTE: FOLHA ONLINE

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Gene que provoca défict de atenção é ligado ao autismo

Pesquisadores canadenses identificaram novos genes relacionados ao transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH). Desenvolvido em parceria pelo Hospital for Sick Children (SickKids) e Universidade de Toronto, o estudo indica ainda que esses genes têm ligação, também, com o autismo. A pesquisa foi publicada na edição on-line do periódico Science Translational Medicine.
Segundo o levantamento, os genes do TDAH estariam relacionados ainda a outras condições neuropsiquiátricas, como as desordens do espectro autista (DEA) – entre elas, o autismo e a síndrome de Asperger. Durante a pesquisa foram usados microarrays, ou chips de DNA, uma técnica experimental da biologia molecular que se caracteriza por lâminas de vidro nas quais segmentos de fita-única são fixados e imobilizados de forma ordenada e em áreas específicas. Na lâmina, cada célula de sonda contém milhões de cópias de um determinado transcrito, ou um segmento gênico em particular, que pode posteriormente ser identificado.
Os cientistas procuraram, então, por variantes no número de cópias (CNVs), que são inserções ou exclusões que afetam os genes, no DNA de 248 pacientes que não foram relacionados ao TDAH. Em três das 173 crianças das quais o DNA de ambos os pais estava disponível, eles encontraram CNVs espontâneos, que ocorrem quando os pais não são afetados - as mutações são novas apenas para a criança. CNVs raros que foram herdados de pais afetados foram encontrados em 19 dos 248 pacientes.
Dentro do grupo de CNVs herdadas, os pesquisadores descobriram alguns dos genes que haviam sido previamente identificados com outras condições neuropsiquiátricas, incluindo DEA. Para explorar essa sobreposição, testaram um grupo diferente para CNVs. Eles descobriram, então, que nove das 349 crianças no estudo que haviam sido diagnosticadas previamente com DEA, carregavam CNVs relacionados com o TDAH e outras desordens.
Conclusões – A descoberta dos pesquisadores sugere que alguns CNVs que desempenham um papel causal no TDAH, também demonstram genes de suscetibilidade comum no TDAH, no DEA e em outras desordens neuropsiquiátricas. “Como DEA, casos de TDAH são em grande parte únicos”, diz Russell Schacar, um dos coordenadores do estudo. “Pessoas carregando o mesmo CNVs podem ter sintomas diferentes, já que o risco não é sempre o mesmo”, diz.
De acordo com o estudo, a maioria dos indivíduos com TDAH também têm ao menos uma outra condição, como ansiedade, problemas de humor, desordens de conduta ou linguagem. Mais de 75% das pessoas com DEA também têm TDAH. “Muitos desses problemas associados provavelmente surgem do fato de que eles estão compartilhando o risco genético para diferentes condições”, diz Schachar.
De acordo com Stephen Scherer, coautor do estudo, os pesquisadores, em geral, não tendem a olhar através dos distúrbios com muita frequência, vendo neles diferentes sinais. “Esse método, talvez, seja uma das descobertas mais excitantes na genética neuropsiquiátrica e pode começar realmente a redefinir como pensamos sobre essas condições neuropsiquiátricas”, diz.
Para Schachar, esses são provavelmente os fatores genéticos que aumentam o risco para vários tipos de distúrbios neuropsiquiátricos. “É um enorme desafio para nós descobrir o que leva a um caso de TDAH e o que leva a um caso de DEA. Existem muitas possibilidades diferentes para explicar por que riscos comuns podem se manifestar em diferentes tipos de doenças" diz. Os pesquisadores esperam agora que novas investigações sejam realizadas para determinar essa relação de causalidade.
FONTE: VEJA ONLINE

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A comida que emagrece

A ciência revela que vários nutrientes são capazes de estimular o corpo a evitar o ganho de peso. As descobertas estão modificando o cardápio de quem está de dieta e incentivam a indústria alimentícia a criar produtos que ajudam na luta contra a balança
Se você está procurando caminhos mais eficazes para perder peso, que tal inserir alguns alimentos no cardápio, em vez de apenas riscar do menu as opções que engordam? Se a sugestão assustou, relaxe. Na verdade, trata-se de uma das mais modernas e espertas estratégias traçadas pela ciência para ajudar quem deseja emagrecer: usar a nosso favor o poder de determinados alimentos para nutrir e ao mesmo tempo evitar o acúmulo de peso. É a comida que emagrece. A descoberta de que, sim, ela existe foi uma das mais importantes informações obtidas nos últimos anos pelos estudiosos que se dedicam a investigar saídas contra a obesidade. “Chegamos à conclusão de que o caminho para acumular menos calorias não é simplesmente cortá-las”, disse à ISTOÉ Darius Mozaffarian, da Universidade de Harvard (EUA). “Hoje sabemos que ingerir mais de diversos tipos de alimentos está associado à perda de peso”, completou.O que o pesquisador americano está afirmando aqui não se refere à velha máxima de que se deve aumentar o consumo de opções com menor quantidade de calorias se o objetivo é emagrecer. A recomendação continua correta, é claro. O que o cientista quer dizer é que dezenas de pesquisas estão demonstrando que vários alimentos ajudam a prevenir o ganho de peso não por causa da quantidade de calorias que apresentam – ou não somente por isso –, mas devido à ação de nutrientes específicos que impedem o depósito de gordura no organismo.Essa nova linha de abordagem tem como embasamento a constatação de que os efeitos da comida no organismo e a nossa relação com os alimentos são muito mais complexos do que se imaginava. “Há, por exemplo, uma ligação importante entre o cérebro e o aparelho digestivo”, afirma o endocrinologista Walmir Coutinho, presidente eleito da Associação Internacional para o Estudo da Obesidade. De fato, descobriu-se a existência de uma espécie de segundo cérebro no corpo: cerca de 100 milhões de células nervosas, do mesmo tipo das que existem no cérebro, estão distribuídas pelas paredes do estômago, esôfago e intestino. E elas estão lá com um propósito claro: participar da regulação das sensações de fome e saciedade. Por meio delas são gerados sinais que vão do intestino ao cérebro avisando quando é hora de parar de comer.
E o que se verificou foi que o envio desses avisos está vinculado ao tipo de alimento em trânsito no aparelho digestivo. Alguns, como carboidratos simples, presentes em pães e massas brancas, por exemplo, demoram mais para estimular os sinais de saciedade. Outros, ao contrário, são mais rápidos na tarefa. Entre eles estão os óleos e gorduras. “Hoje, o estudo da digestão precisa levar em conta o funcionamento do intestino-cérebro”, afirmou à ISTOÉ Heribert Watzke, conselheiro científico do centro de pesquisa em alimentos da Nestlé, na Suíça. “Ele deve ser considerado como um órgão neurológico ativo.”O pesquisador está concentrado em estabelecer meios de prolongar o tempo de permanência dos alimentos no intestino para aumentar a percepção e a duração da saciedade. Com essa perspectiva, Watzke e sua equipe trabalham em modificações na estrutura do óleo de oliva para que ele seja digerido mais lentamente e fique por um tempo maior no intestino. “Descobrimos que um dos produtos resultantes da digestão do azeite, os monoglicerídeos, desaceleram o processo se estiverem presentes desde o início nesse alimento”, contou ­Watzke. Eles criaram em laboratório moléculas de monoglicerídeos e as adicionaram ao azeite. Após a alteração, sua permanência no intestino foi mais prolongada, aumentando a saciedade.No Reino Unido, o governo financia trabalhos com o mesmo objetivo. Um dos estudos mais promissores avalia a adição dos galactolipídeos – moléculas de gordura encontradas em cereais – aos alimentos para desacelerar a digestão da gordura. Por enquanto, os britânicos experimentam o desempenho dessas moléculas em uma máquina que simula o estômago e o intestino humanos. “Não queremos parar a digestão da gordura porque isso causaria efeitos ruins, mas estamos seguros de que diminuir a velocidade do processo trará benefícios”, disse à ISTOÉ Peter Wilde, do Institute of Food Research, em Norwich. Ele espera que os galactolipídeos sejam usados como ingredientes de alimentos ricos em gordura como maionese e sorvetes.
Outro estudo inglês avalia o desempenho do alginato, substância extraída de algas marinhas, em substituição à gordura. “O alginato é uma fibra que retarda a absorção de nutrientes pelo intestino”, explicou à ISTOÉ Jeff Pearson, da Universidade NewCastle e coordenador do trabalho. Os resultados iniciais revelam que a mistura da fibra pode evitar que cerca de 85% da gordura ingerida seja absorvida. Pearson e seu time desenvolveram um pãozinho com alginato. “O sabor ficou ótimo”, garante o cientista. A meta é concluir os testes com o produto até 2013.Os efeitos da gordura na relação entre cérebro e digestão estão entre os focos principais dos estudiosos. Recentemente, a pesquisadora Deborah Clegg, da Universidade Southwestern (EUA), fez revelações interessantes a esse respeito. Ela descobriu que um componente das gorduras de origem animal (carne, leite e seus derivados), o ácido palmítico, aumenta o desejo de comer. “Ele interfere nos sinais trocados por estruturas celulares e atrapalha a percepção da saciedade”, explicou à ISTOÉ. “A pessoa tem vontade de continuar comendo.”Para chegar a essa conclusão, ela testou em animais o impacto de vários tipos de gordura no cérebro. A investigação mostrou que a ingestão de carnes e queijos, especialmente, fornece um aporte de ácido palmítico que depois de cair na corrente sanguínea, o que acontece após a digestão, consegue atravessar a barreira hematoencefálica que protege o cérebro e atua em estruturas como o hipotálamo, que regula a ingestão, e o hipocampo, onde essas moléculas prejudicam a memória e a cognição. “Ao penetrar em diferentes núcleos cerebrais, o ácido palmítico bloqueia a atuação de hormônios envolvidos na saciedade, no peso e no gasto ener­gético”, diz.
Embora a mai­oria das iniciativas nesse campo ainda esteja em nível de pesquisa, já existem produtos industrializados criados para interferir nos sinais da saciedade. Um deles é uma emulsão de água e óleos de palma e aveia fabricada pela empresa holandesa DSM. A substância, com o nome comercial de Fabuless, é adicionada a produtos dietéticos pela indústria de alimentos ou vendida em potinhos para ser acrescentada em receitas caseiras. “A digestão dessa mistura é mais lenta por causa de substâncias contidas no óleo de aveia. Por isso, quando ela chega ao intestino, um sinal de saciedade é enviado ao cérebro”, disse à ISTOÉ o francês Bruno Baudoin, gerente de produtos da companhia holandesa. No Brasil, a substância é indicada por nutricionistas como Lucyanna Kalluf, do Instituto de Prevenção Personalizada, em São Paulo. “Peço para adicionar aos sucos e sopas”, diz. Entre os produtos com a mistura estão um leite de soja fabricado pela Ohki Pharmaceutical, lançado no Japão no ano passado, e o leite Silhuette Active, disponível na França. Outra opção de nutriente já acessível são as fibras do tipo inulina. “Elas prolongam a permanência dos alimentos no estômago e no intestino”, explica a nutricionista Cynthia Antonaccio, da Equilibrium Consultoria Nutricional, em São Paulo. Por isso, alimentos como a chicória, rica fonte de inulina, começam a ser incluídos com mais frequência no cardápio de quem precisa emagrecer. Na Alemanha, são vendidos suplementos em pó e tabletes de inulina extraída da chicória. “Há frações da inulina que têm sabor doce e podem substituir o açúcar. Outras substituem a gordura por causa da textura cremosa”, disse à ISTOÉ Marjan Nowens-Roest, da Sensus, empresa alemã que fabrica o Frutafit, nome comercial da linha de produtos contendo o nutriente. Outras fibras, como o glucomanan, estão sendo incluídas em alimentos como a Pasta Slim, um fettuccine fabricado pela Wildwood e vendido nos Estados Unidos. Bem ao alcance da mão estão outras boas alternativas para adiar a fome. Grãos integrais, iogurtes e nozes estão entre elas. “Eles demoram mais tempo para ser digeridos e melhoram o processo digestivo”, afirma a nutróloga Vânia Assaly, de São Paulo, e membro do Institute of Internal Medicine (EUA). Nessa lista há alguns componentes surpreendentes. Amêndoa, abacate e óleo de coco, por exemplo, são conhecidos por serem calóricos. Por isso, pode causar estranheza vê-los incluídos em um cardápio para emagrecer. Mas o que se descobriu é que eles também prolongam a saciedade. Por essa razão, começaram a ser mais recomendados nas dietas, desde que consumidos com moderação.
A maçã, por sua vez, sempre foi uma boa pedida contra o peso porque tem poucas calorias e bom valor nutricional. Um estudo feito pela Universidade da Flórida (EUA) adicionou mais um motivo a seu favor. Os cientistas acompanharam 160 mulheres que ingeriram uma maçã seca por dia durante um ano e verificaram que a fruta ajudou na perda de peso não só por ser pouco calórica, mas devido à presença da pectina, fibra que eleva a saciedade.A comida pode auxiliar no emagrecimento também pela capacidade de alguns nutrientes de aumentar a produção de calor pelo corpo – o que significa queimar mais calorias. É um predicado dos alimentos termogênicos. “O consumo regular de pimenta, pimentões, gengibre, guaraná e chá-verde, por exemplo, acelera a queima de calorias”, explica a nutricionista Lucyanna Kalluf.Uma investigação do Centro de Nutrição Humana da Universidade da Califórnia (EUA) indicou que as pimentas, por exemplo, dobram a produção de calor até algumas horas depois da refeição em que foram consumidas. Os pesquisadores testaram os efeitos de uma substância similar à capsaicina das pimentas, o dihydrocapsiate, que não provoca ardor. Ela foi ministrada durante 28 dias junto com uma dieta de baixíssimas calorias a 17 pessoas que queriam perder peso. Outros 17 indivíduos seguiram o regime, mas receberam placebo. Entre os que ingeriram o composto, constatou-se que o gasto energético foi duas vezes maior. Mas aqui há uma controvérsia. Pesquisadores da Purdue University, também nos EUA, afirmam que só se pode usufruir dos outros efeitos atribuídos à pimenta, como a supressão do apetite – ela anestesia a sensação da fome – , se ela for ingerida ao natural. Os testes da Purdue University foram feitos com meia colher de chá de pimenta-vermelha picada nas refeições. Mas qualquer outra pimenta pode ser usada, pois a capsaicina está presente na maioria das pimentas frescas e secas.O caso das pimentas – capazes de aumentar a queima de calorias e a saciedade – é um bom exemplo da complexidade do papel que os alimentos desempenham no nosso organismo e de seu potencial para nos auxiliar na guerra contra a balança. Com o abacate, o óleo de coco e a canela, por exemplo, ocorre a mesma coisa. São considerados termogênicos e se descobriu que diminuem a sensação de fome. Em relação à canela, esse efeito ficou patente após pesquisa realizada pela Universidade de Lund, na Suécia. Os cientistas avaliaram o papel da canela na rapidez com que o estômago fica vazio após as refeições. Para isso, o estômago de 14 voluntários foi monitorado por ultrassonografia após a ingestão de 300 gramas de arroz-doce com e sem o condimento. O estudo constatou que o tempo de permanência da comida no estômago foi maior para aqueles que tinham consumido o doce com a canela.Na lista dos alimentos que ajudam a prevenir o ganho de peso também constam aqueles cuja digestão resulta na liberação mais lenta da glicose para o sangue. O açúcar é o combustível para o funcionamento das células, mas em excesso não só pode levar à diabetes como ainda ao acúmulo de peso. Ocorre que, se a digestão dos alimentos promove uma entrada muito rápida de açúcar no sangue – como é o caso dos pães e doces, de muito fácil digestão –, o pâncreas precisa liberar mais insulina, hormônio que permite a entrada dessa glicose para dentro das células. Mas essa solicitação tem um preço. O desequilíbrio na produção desse hormônio piora a ação da própria insulina, o que promove uma espécie de resistência do corpo ao seu funcionamento. Ou seja, ainda que o corpo libere mais insulina, ela não é suficiente para tirar o açúcar do sangue. A consequência é que isso dificulta a queima da gordura, processo que só entra em cena depois que os estoques de glicose são consumidos, resultando em ganho de peso. Mas há outros desdobramentos. Por causa do mecanismo de resistência, a glicose não entra nas células em quantidade suficiente e o organismo fica sem energia, o que torna constantes o desejo de comer e a sensação de fome. Os alimentos que evitam esse problema são os de baixo índice glicêmico. Entre alguns dos exemplos estão a ameixa, o damasco e o kiwi. Diante de tantas opções, é só usar o bom-senso, equilibrar a dieta e escolher o menu mais indicado para comer, e mesmo assim emagrecer.
FONTE: ISTO É

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Antibióticos devem ser usados com cuidado para evitar superbactérias


Quando ficamos doentes, com vômito e diarreia, é comum o diagnóstico ser “virose”. Doenças causadas por vírus, em geral, têm apenas os sintomas combatidos, não os micro-organismos em si. E é importante não confundir quadros graves, como a dengue, com um ataque viral mais simples. A decisão de levar a criança ou o adulto para o pronto-socorro depende do estado geral.Já contra as bactérias são usados antibióticos, que desde o ano passado passaram para a categoria de medicamentos controlados no país, com venda permitida apenas mediante receita médica.Para falar sobre o uso correto dos antibióticos, e como evitar que eles facilitem a proliferação de bactérias resistentes – as chamadas superbactérias –, o Bem Estar desta segunda-feira (8) recebeu o infectologista Caio Rosenthal. Ao lado dele, a pediatra Ana Escobar destacou as formas de prevenção e tratamento em cada situação.Segundo os especialistas, há as chamadas “bactérias do bem”, que ajudam no funcionamento do corpo. Mas, no caso dos vírus, ou eles não fazem nada ou destroem o organismo. E precisam sempre de uma célula para entrar em ação e se reproduzir, pois não têm vida própria.De acordo com Rosenthal, até chegar à idade adulta, uma pessoa adquire centenas de viroses intestinais e respiratórias, e a maior arma contra elas é o próprio sistema imunológico. Em geral, os vírus completam o ciclo dentro do corpo humano e vão embora, deixando um rastro de imunidade no hospedeiro.Contra muitos vírus – que são formados por uma capa de proteína e material genético no interior –, há vacinas disponíveis, como é o caso da hepatite B, da meningite, da poliomielite, da gripe, do rotavírus, do vírus do papiloma humano (HPV) e da febre amarela. Outros, como o da Aids e da dengue, ainda não têm imunização. O HIV, por exemplo, apresenta altíssima capacidade de mutação, o que ainda impede a produção de uma vacina eficaz e permanente.AntibióticosEsses remédios “furam” a parede da célula até atingir o núcleo da bactéria, que reage e produz mais enzimas, capazes de anular a ação do medicamento e atacar o organismo.Para evitar esse problema, os cientistas inventaram uma espécie de disfarce para que o antibiótico se torne mais forte e atinja o núcleo das bactérias com mais eficiência. Porém, algumas vão se adaptando e resistem, formando uma classe de superbactérias, contra as quais há poucas alternativas.Por isso, é muito importante tomar o remédio do jeito que o médico orientar, durante um ciclo inteiro, mesmo depois de os sintomas já terem passado.Segundo o infectologista, a bactéria mais perigosa é a que tem diagnóstico tardio. Em geral, infecções bacterianas têm febre mais alta e mais secreções que as virais. Problemas de pele também podem servir de porta de entrada para os micro-organismos. Para se proteger contra doenças e criar anticorpos, o leite materno e as vacinas são uma excelente recomendação e devem ser tomados sempre.
Fonte: G1

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Doença celíaca mata 42.000 crianças por ano no mundo

Ainda desconhecida pela grande maioria da população – e, infelizmente, por parte da classe médica – a doença se caracteriza pela intolerância ao glúten, uma proteína presente no trigo, na cevada e no centeio
O ano é 2005. A professora universitária Flávia Anastácio de Paula lida com uma cena que virou rotina. Seu filho do meio, Emílio, então com apenas dois anos, vomita sem parar durante horas. Abaixo do peso, com constipação crônica, crises de hiperatividade, pneumonias frequentes, dores fortes nas pernas e peso e estatura muito abaixo do indicado, Emílio começou a adoecer quando tinha apenas seis meses de vida. À época, Flávia deu início a uma via-crúcis: descobrir qual era a doença do filho. No caminho, que durou quatro anos, passou por mais de 15 médicos diferentes, dezenas de exames clínicos e laboratoriais e internações hospitalares regulares. Em setembro de 2007, aos quatro anos, Emílio foi enfim diagnosticado: ele era portador da doença celíaca.
Ainda desconhecida pela grande maioria da população – e, infelizmente, por parte da classe médica – a doença se caracteriza pela intolerância ao glúten, uma proteína presente no trigo, na cevada, na aveia e no centeio. O primeiro levantamento global sobre a doença, divulgado no final de julho, indica que ela cause a morte de cerca de 42.000 crianças todos os anos no mundo. Em entrevista ao site de VEJA, Peter Byass, epidemiologista coordenador do estudo que reuniu o departamento de saúde pública e medicina clínica da Universidade de Umea, na Suécia, e a Faculdade de Saúde da Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, avalia que no Brasil 200 crianças morram anualmente em função desse mal. Alguns estudos internacionais afirmam ainda que uma a cada 100 pessoas no mundo seja portadora da doença; outros, que mais da metade dessas pessoas não sabem que estão doentes. No Brasil pouco se sabe sobre a incidência da doença, já que faltam levantamentos nacionais. Dados de uma pesquisa da Universidade Federal de São Paulo, realizada em 2007, apontam que um a cada 214 brasileiros tem a doença. Os dados existentes sobre doença celíaca, como se vê, são poucos, dispersos e por vezes desatualizados.
A doença celíaca foi descoberta em 1888 pelo pediatra britânico Samuel Gee, mas apenas no decorrer da década de 1940 o glúten foi reconhecido como o vilão causador do transtorno. Durante os períodos de escassez alimentar da guerra, o médico holandês Willem Karel Dicke notou que a falta de pães e de produtos à base de trigo reduziam o número de casos, e acabou relacionando a proteína à doença. Dicke criaria, ainda no começo de 1950, a primeira dieta livre de glúten para pacientes com doença celíaca – que permanece sendo o único tratamento disponível até hoje. De lá para cá, alguns passos importantes foram dados para o controle do problema, como a definição dos sintomas (diarreia crônica, inchaço do abdome, anemia e vômitos) e a indicação de um tratamento alimentar. Mas, mesmo que seja um mal conhecido, estudado, com tratamento e exames para diagnóstico estabelecidos, a doença celíaca persiste silenciosa e subdiagnosticada em muitos pacientes.
Dificuldades – Casos como o de Emílio são minoria, mas estão longe de se tratar de uma exceção. Embora a intolerância ao glúten costume aparecer de maneira mais amena na maioria dos casos, 20% dos celíacos têm sintomas extremos, segundo Aytan Miranda Sipahi, coordenador do Laboratório de Gastroenterologia Clínica e Experimental da USP. Os demais podem ter apenas um dos sintomas, como enxaqueca, aftas e flatulência. Por não serem tão severos ou alarmantes, acabam dificultando o diagnóstico. Por isso, a doença celíaca é normalmente representada como um iceberg. Na ponta (pequena parte à vista), estão pacientes como Emílio, sua mãe e seus dois irmãos: pessoas que sofrem, e muito, com a doença. Em todo o restante da enorme massa de gelo, estariam pacientes como Raquel Benati.
A professora de artes, hoje com 48 anos, demorou duas décadas para receber o diagnóstico da doença. "Os médicos não investigavam a doença celíaca, porque só detectavam uma anemia. Eu até tinha crises de diarreia eventuais, mas a constância maior era das prisões de ventre", diz. Hoje, Raquel é vice-presidente do braço carioca da Associação dos Celíacos do Brasil (Acelbra) e secretária da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), que conta com cerca de 20.000 associados. Seu trabalho nas instituições é orientar os celíacos e ajudar a conscientizar a população. "Os médicos relutam em fazer o diagnóstico, principalmente quando você não tem o quadro clássico. Conheço muita gente que foi até o consultório especificamente pedir para fazer o exame."
Diagnóstico e complicações – A investigação para a conclusão do diagnóstico costuma seguir três passos: histórico familiar da doença, exame de sangue e biópsia do intestino delgado por endoscopia. Por ser genética, a doença pode estar presente em um ou mais membros da mesma família. O teste sorológico de sangue, por sua vez, visa detectar antígenos da doença. Quando esse exame de sangue dá positivo, é feita a endoscopia com biópsia do intestino, exame considerado definitivo para um diagnóstico. Nessa fase se procura saber se as vilosidades (dobras no intestino responsáveis por aumentar a absorção de alimentos) da mucosa intestinal foram agredidas e atrofiadas – uma característica da intolerância ao glúten. O histórico familiar sozinho não basta para detectar a doença. Para saber com certeza, só após o exame de sangue combinado com a biópsia.
Mesmo nos casos mais amenos da doença, a detecção é fundamental. Isso porque as complicações podem levar a problemas graves, como osteoporose, doenças autoimunes, linfoma e outros cânceres e problemas na tireoide. "Há ainda casos em que a pessoa fica infértil ou pode ter abortos repetidos", diz Vera. Isso ocorre porque a exposição ao glúten faz com que o sistema imunológico trabalhe sempre acima do seu limite, fazendo com que as células de defesa proliferem. Essa hiperatividade pode acabar resultando em linfoma – que é justamente uma proliferação exagerada das células de defesa. O motivo disso acontecer ainda não é conhecido pela medicina.
Dieta complicada — De acordo com Vera Lúcia Sdepanian, coordenadora do curso de residência em gastroenterologia pediátrica da Unifesp, uma dieta sem glúten só é indicada após o diagnóstico positivo, caso contrário ela pode dificultar o processo de reconhecimento da doença. "Quando se para de comer glúten, os antígenos deixam de ser detectados no exame de sangue e as vilosidades do intestino vão voltando ao normal depois de seis meses. Assim, nenhum exame vai dar positivo para a doença, mesmo que a pessoa seja intolerante."

A rigor não existe problema em uma dieta sem glúten. A proteína não é essencial na alimentação humana, de acordo com nutricionistas. A única grande dificuldade é justamente a grande restrição alimentar, uma vez que a maior parte dos alimentos industrializados contém o ingrediente. "Não é fácil fazer uma dieta sem glúten", diz John Cangemi, gastroenterologista especialista na doença da Clínica Mayo, nos Estados Unidos. "Trigo, cevada e centeio são componentes de muitos tipos de alimentos, além de fazer parte de alguns medicamentos, doces e outros produtos. A pessoa pode, simplesmente, não se dar conta da presença deles."

Vários outros alimentos além dos pães contêm a proteína, como cerveja, queijos fundidos, patês enlatados, embutidos, maionese, catchup e alguns temperos industrializados. O chocolate em teoria não tem glúten, mas como é feito na mesma esteira das bolachas – e corre risco de contaminação – é vendido com o selo contém glúten. "O paciente terá de conviver com muitas limitações alimentares, mas uma boa orientação nutricional pode tornar sua vida mais simples", afirma André Zonetti de Arruda Leite, médico assistente da disciplina de gastroenterologia clínica do departamento de gastroenterologia da FMUSP.
FONTE: VEJA ONLINE

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Maxvegg Fiber

É um complemento alimentar rico em fibras, extraídos diretamente de vegetais como Beterraba, Farinha de Maçã, Batata e Beringela. Essa mistura totalmente natural fonte de fibras e de elementos essenciais para saúde, auxiliará na manutenção e equilíbrio das funções do organismo.
- Auxiliar na prevenção do câncer de cólon e diverticulite:Os ácidos de cadeia curta produzidos durante a fermentação da fibra, pelas bactérias intestinais, são uma fonte de energia para as células do cólon, podendo inibir o crescimento e proliferação de células cancerígenas a nível do intestino.
- Controle da glicemia:Retarda a digestão e a absorção do açúcar.- Controle do colesterol:Reduz os valores séricos de colesterol total e de colesterol LDL (lipoproteína de baixa densidade ou ‘mau’ colesterol).
- Adjuvante na perda de peso:A fibra alimentar aumenta o volume da dieta, sem adicionar calorias, pode ter um efeito saciante, contribuindo para o controle de peso, comprovado através de estudos clínicos já realizados.
- Constipação: O consumo de maior quantidade de fibra ocasiona trânsito intestinal mais rápido e aumento do peso das fezes.